17 de setembro de 2009

2ª Visão

A verdade da (falta de) liberdade


Confesso que fiquei chocado com a notícia da decisão da retirada de todos os exemplares do livro "A Verdade da Mentira" de Gonçalo Amaral.

Não por achar o livro de importância fulcral, muito menos por ser um fã da escrita do ex-inspector. "Apenas só" por achar que é um atentado a nossa liberdade, um precedente que foi aberto ao regresso da censura em Portugal.

Se o conteúdo do livro é considerado difamatório (algo que me custa a acreditar) então que se castigue o autor por tal. Se o livro faz as cabeças dos portugueses trabalhar e ver algo que se tentou esconder, então mostre-se ainda mais o livro em vez de o tentar esconder. Se o livro é "má-escrita" então que seja o leitor a decidi-lo. Se o livro é tendencioso então escreva-se outro mostrando o outro lado. Agora o que não pode nem deve ser aceite pela nossa sociedade é que se tente "destruir" um livro porque incomoda alguém. O que não pode nem deve ser aceite é que se volte aos tempos da censura em que uma obra para ser publicada tem que ser primeiro "revista" e tem que ter como pré-requisito não incomodar ninguém, especialmente algum cidadão inglês...

O que não pode nem deve ser aceite é que se tente calar a liberdade de opinião de um cidadão português! Podemos ou não concordar com a sua opinião, mas nunca querer calar essa opinião.

Confesso que não li o livro nem vi o documentário que estão a querer calar. Confesso que acho que o "caso Maddie" já cansa. Confesso que fico triste por uma criança desaparecer sem deixar rasto, não por ser em Portugal, mas por ser simplesmente um ser humano. Confesso que acho (direito de opinião) que este caso ultrapassa (e muito) a legibilidade de um qualquer cidadão como eu, como os leitores deste blog. Confesso que um dia gostava de o ver resolvido.

Mas, para isso, de certeza que não é publicando dezenas de livros acerca do caso, muito menos tirando-os do mercado que irão aparecer resultados.

Acredito que 90% dos livros escritos acerca do caso seja uma "maneira-fácil" de ganhar dinheiro com um assunto tão triste. Duvido que seja o caso de "A verdade da Mentira".

Mas o que tenho a certeza é que independentemente do objectivo do livro, o seu autor tem o direito de o ver publicado e os cidadãos de o lerem!

Não nos tirem o nosso maior direito: a liberdade!

Para a recuperar foram precisos anos, para a perder acredito que bastem meia dúzia de gestos.


Dc

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