Desde o início da semana anterior os políticos portugueses despertaram para uma nova realidade: a sua participação em programas de humor onde (supostamente) são presas fáceis para os entrevistadores.
Sou um confesso admirador dos últimos três programas do Gato Fedorento: "Diz que é uma espécies de Magazine", "Zé Carlos" e agora "Gato Fedorente Esmiúça os sufrágios".
Acredito que não seja fácil preparar "em cima do joelho", diariamente, um programa para o horário nobre, ainda para mais numa estação privada (onde o share é o alimento principal).
Mas a verdade é que os Gato não são pioneiros nestas "brincadeiras com os políticos".
Já o saudoso Hermansic conseguiu ter Cavaco Silva, Santana Lopes e Edite Estrela, entre outros, como seus convidados.
Quem não se lembra da valente peixeirada que o monárquico Nuno da Câmara Pereira, no alto da sua figura, armou com a (na altura) presidente da Câmara de Sintra Edite Estrela?
Mas, na verdade, para mim houve um programa que passou despercebido à grande maioria dos portuguesas: o "5 para a meia noite" de 7 de Setembro.
Neste dia, o convidado de Luís Filipe Borges foi António Costa, actual presidente da Câmara de Lisboa. E que bom foi ver um político (ex-ministro...) completamente aberto e à vontade com as brincadeiras e as perguntas que lhe eram dirigidas! Na altura fiquei com a (feliz) sensação que ali, naquele momento, se estava a celebrar a verdadeira democracia, onde os "homens do poder" mostram que são "como nós", onde os "homens do poder" sabem e gostam de se rir, sabem e gostam de brincar, onde os "homens do poder" não dão apenas entrevistas para se promoverem, para fazerem campanha!
Confesso, depois de ter visto o programa, se fosse lisboeta não exitaria em votar em António Costa! Não porque me convenceu com as suas ideias, mas porque saberia que mais que um político, iria ter à frente da minha cidade um homem como todos nós.
Dc
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