28 de janeiro de 2010

2ª Visão

Confesso-vos que esta semana reflecti bastante sobre o tema que abordo hoje. Não por duvidar da minha posição em relação ao dito tema, não por hesitar em partilhá-la com vocês, mas sim por achar o conteúdo só por si surreal.
Não, não vou falar das escutas que foram parar ao Youtube, também não vou falar dos famosos túneis portugueses, muito menos do Orçamento de Estado de 2010. Vou, isso sim, debruçar-me sobre a Greve dos Enfermeiros.
Num primeiro momento, quando foi noticiada a dita greve, pensei: "mais uns a usarem do seu direito à Greve". Até aí tudo bem, se o direito existe, deve ser (bem) usado, e toda a gente deve lutar por melhores condições de trabalho.
Mas eis senão quando, ao pôr-me a par das exigências, fiquei completamente abazurdido... então não é que a classe reclama do salário inicial de carreira, que julgo rondar os 1000 euros, por acharem que "não dá valor à profissão"? Então agora é o salário que determina o valor de uma profissão, de uma classe trabalhadora?! Então 1000 euros é assim tão mau quando comparado com o salário mínimo nacional (em 2010 de 475 euros)? Quer dizer, então, que alguém que ganhe o salário mínimo, cumpre uma profissão "desonrada", pois se nem 1000 euros "honram" uma profissão... Quer dizer então que só "dos enfermeiros para cima" é que há profissões de honra? Por favor, não queiram gozar com os pobres (literalmente) que muitas vezes nem os 475 euros conseguem levar para casa! Por favor, não queiram reduzir a importância de uma profissão ao ordenada que esta possibilita!
Argumentam os enfermeiros que "lidam todos os dias com vidas", que "é uma enorme responsabilidade"... Sem dúvida! Mas então, se vamos a defenir o valor dos vencimentos através do número de vidas que se tem na mão, quanto não passaria a ganhar um Engenheiro cada vez que concluísse um prédio ou uma ponte? Quanto não ganharia um Professor que "forma vidas"? Quanto não ganharia um Polícia que protege vidas?!
Penso que aqui, acima de tudo, "a galinha da vizinha é melhor que a minha"...

3 comentários:

Vanessa disse...

Olá diogo, já que este é um espaço publico para opiniões eu vou dar lhe uso.
Achei que este teu post foi muito desagradavel e que não avalias-te as consequencias do que escreves-te.
Reduzis-te uma greve que tem em vista vários pontos além do salario a umas questão de honra.
E sim o salario do enfermeiro é muito pouco para tudo o que ele faz mas sobre isso vou-me debruçar no post de terça feira porque acho que o Ser Enfermeiro é muito mais do que muitas mentes pequenas e que de certezam que nunca necessitaram de um enfermeiro aserio podem dizer.
O trabalho que um enfermeiro faz nenhum dinheiro no mundo o paga mas como tudo na vida também precisamos de dinheiro para viver e os turnos que fazemos e as condições de trabalho a que nos sujeitamos, a parte emocional e o bocadinho de nós que damos a cada paciente são condições bem piores a que o engenheiro que está sentadinho no gabinete possa sequer imaginar!

Opinion Makers disse...

Ainda bem que há opiniões distintas e fico feliz quando são debatidas, sinal de cultura democrática.
Nunca quis reduzir uma greve a "uma questão de honra", apenas mostrar e debater os pontos com os quais não concordo. E mantenho que não é o salário que "honra" ou não uma profissão, mas sim o comportamento da "classe". Nunca quis reduzir a profissão de enfermeiro até porque admiro todas as classes que trabalham "sobre brasa", que salvam vidas, mas isso não me obriga a concordar com todas as suas ideias... Continuo a achar que os salários servem para permitir ao Homem viver e não para dar mais ou menos status. Aliás, merece o meu total respeito alguém que passe a vida a trabalhar em prol dos outros sem benefício próprio (caso de médicos, enfermeiros,e voluntários em causas humanitárias)!
Já agora deixo um desafio: sabendo que vivemos num país muito debilitado financeiramente (e não só...) qual a solução para ir "buscar" o dinheiro que permitisse aumentar os salários? Onde cortarias os custos?

Opinion Makers disse...
Este comentário foi removido pelo autor.