Será a democracia portuguesa assim tão democrática?
A Assembleia da República é constituída por 230 deputados. A justificação para tão elevado número de seres humanos sentados por metro cúbico é a "pluralidade" e a "representatividade" do povo português. Ignorando o "pormenor" de pelo menos eu não me sentir representado por nenhum daqueles senhores (sim, que tenho orgulho em divergir de muitos dos seus ideais), decidi tentar perceber como poderiam ser essas pluralidade e representatividade conseguidas...
E não é que cheguei à conclusão que essas duas "bandeiras" são conseguidas?!
Então não é que a pluralidade é conseguida quando um partido determina "disciplina de voto aos seus deputados? É um plural, porque são várias cabeças a singularizar uma decisão de UM (tão plural que isto é) partido! Não é tão plural ter 97 cabeças do PS a votar a favor das SCUT? Ou não será ainda mais plural ter 162 mãos a bater palmas a um único orador quando alguém do PSD decide tomar a palavra? Mas pergunto-me eu: e se houver algum deputado "indisciplinado" que decida furar a disciplina de voto? Levará umas reguadas do líder do grupo parlamentar? Ou será acusado de anti-pluralismo?
Mas, para mim, o ponto alto da pluralidade na Assembleia da República, surge com as Comissões de Inquérito... Sim, porque como o trabalho que realizam ao longo de uma legislatura é muitíssimo árduo e pesado, as ditas Comissões podem criar subcomissões ou grupos de trabalho (deduzo então que os outros grupos não sejam de trabalho...)! E para que servem estas Comissões, para quê? Para cada partido poder mostrar que tudo aquilo que defendia no início da Comichão, perdão, Comissão, foi provado ao longo desta! Muito plural! Afinal, quer no início, quer no fim de cada Comissão, continuam a haver as mais variadas teorias e opiniões acerca da matéria em causa!
Muitas vezes não procuramos razões para fazer o que fazemos, mas desculpas.
(Somerset Maugham)
(Somerset Maugham)
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