"A política tem a sua fonte na perversidade e não na grandeza do espírito humano" Voltaire
A agenda mediática tem sido marcada, incontornavelmente, por acções (ou inacções?) políticas.
Ora é uma revisão Constitucional que serve para entreter alguns, ora é um Orçamento que mesmo antes de sair já era ameaçado com chumbos, ora é o "Estado da Nação"... Enfim, o que não tem faltado nos últimos tempos são politiquices e cadeiras de Telejornais à espera de nádegas politizadas.
Tudo isto seria mais uma moda, não fosse o caso de o país continuar a avançar para o abismo alegre e sorridente.
Alegre e sorridente porque todos concordam que é preciso haver cortes, mas ninguém aceita que seja "no seu sector". Alegre e sorridente porque todos concordam que é preciso combater as especulações das Agências de Rating, mas preferem desferir golpes internamente. Alegre e sorridente porque cada vez mais os políticos permitem que o povo os leve a sério.
Hoje em dia já ninguém (ou muito poucos) votam a favor de um partido, a favor de um rosto ou de um projecto, mas sim contra algo ou alguém. Hoje em dia já não interessa se quem vence é o melhor projecto, se quem vence é o líder mais habilitado, o que verdadeiramente interessa é se o tipo que "me irrita" perde, se o tipo de quem tenho dor de cotovelo vai à vida. Como é possível construir projectos seguros, fiáveis, com futuro, se em vez de nos preocuparmos com as propostas nos preocupamos com a vida cor-de-rosa de cada um dos actores políticos? Como é possível querermos sustentabilidade se em vez de nos preocuparmos em garantir um equilíbrio financeiro para o país, apenas nos interessa que seja o vizinho do lado "o prejudicado"?
Na verdade, nunca ninguém ganhou o Euromilhões por assinalar os números que não gosta, mas já muito boa gente ganhou por marcar aqueles em que tem fé.
Na verdade, os idealismos de "Salvação Nacional" são liquidados à nascença, são utopias dos inocentes ou gozo dos experientes, pois os interesses particulares sobrepõem-se sempre aos interesses do conjunto.
Os Partidos do protesto teimam em orgulhar-se de não passarem disso mesmo e os do poder teimam em demonstrar diariamente que na realidade quer sejam Governo quer sejam Oposição, têm sempre a liderança repartida.
É por isto que todos lá no fundo estão felizes e todos cá à superfícies estamos tesos...
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