8 de setembro de 2009

Falem para a parede

Portugal regista maior taxa de abandono escolar da OCDE… Porque será?

“Portugal regista maior taxa de abandono escolar da OCDE”. Assim dizia o locutor ao apresentar o noticiário da TSF. No mesmo instante e como resposta a este estímulo, deu-se início a um exercício mental que gostaria de partilhar convosco, pois vem contra toda esta onda de optimismo que o governo nos tenta transmitir acerca da Educação .
Ainda há poucos dias atrás, o governo PS contemplou-nos com os excelentes resultados na redução da taxa de analfabetização. Estes resultados tinham como grande suporte a, segundo este, elevada adesão ao programa Novas Oportunidades(NO). Não sou contra esta iniciativa, antes pelo contrário, mas que é uma serva da estatística, lá isso é. Ao cruzar estes temas, surgiu a seguinte questão: Porque é que os jovens abandonam a escola , enquanto o resto da população corre para ela? Apesar de poder parecer tendenciosa, só me surgiu uma resposta: O custo do ensino regular em Portugal é demasiado elevado. Ao somar manuais, material escolar, transportes, alimentação chegamos a um valor incomportável pela maioria das famílias portuguesas. Acrescentando o apoio social cada vez mais reduzido, é fácil obter um título como o deste artigo. E é aqui que encontro o paradoxo. No programa NO os benefícios abundam e os custos são bem mais reduzidos que no ensino regular. No fim de contas tanto as novas oportunidades como o ensino regular conferem a tão estimada estatística escolar. Ora resta olhar para a balança e não é preciso bons resultados a Matemática ( ainda bem, porque o sistema de ensino ainda tem esta pedra no sapato) para chegar a uma conclusão: Economicamente, o programa NO é mais vantajoso.
Não pensem os leitores, que sou um delator deste programa. É em certos casos, uma nova oportunidade. Mas estará a distribuição dos recursos feita da melhor forma? Mão de obra especializada é uma mais valia para este país, sem dúvida. Mas não deveria ser a prioridade investir nos jovens? Não são estes o futuro? Se houvesse um esforço na permanência destes nas escolas seria necessário este investimento nas novas oportunidades? É que não vejo campanhas para estes se manterem no ensino regular, nem apoios financeiros, nem qualquer tipo de incentivo. Assim, daqui a dez anos teremos um novo programa. Aconselho a este governo a velha máxima, prevenir para não ter que remediar.
Maria

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