28 de setembro de 2009

Na margem da Europa

Um Português que se preze pode ser excelente a fazer qualquer coisa, mas se há coisa que nós fazemos mesmo bem é queixarmo-nos.
Porque a vida hoje correu mal, isto ou aquilo podia ser melhor.
Quantas vezes as nossas conversas não começam com queixas e terminam em queixas.
Há sempre coisas que correm mal na nossa vida, a toda a hora, disso sabemos nós muito bem. Mas, também é certo, que a maior parte das vezes nos estamos a queixar sem a mínima razão. Olhamos só para nós e fixamo-nos no nosso umbigo. É ao redor dele que deitamos as nossas mágoas. E ficamos parados porque o mundo é que está contra nós e não há nada a fazer. É esta característica que fez com que muitos achassem que a música: “Movimento perpétuo associativo” dos Deolinda era uma crítica perfeita ao povo português.
Um dia destes, fixei-me num daqueles programas que dão durante as tardes da semana.
Um rapaz que ficou paralisado da cintura para baixo devido a uma queda de cavalo, mostrava as botas com que estivera nesse mesmo dia do acidente. Ostentava-as à sua frente. Dizia que as tinha na sua prateleira e olhava para elas todos os dias.
Quando teve o acidente e foi para as urgências, pediu que lhe cortassem as botas de maneira a depois poder cose-las mais tarde, de maneira a poder ficar com elas e deixá-las bem à vista. Com indignação, alguém lhe perguntou se não lhe fazia impressão ter aquelas botas à sua frente, ao que ele respondeu que não! Explicou que cada vez que olhava para as botas dizia para si, que um dia ainda as iria calçar e montar a cavalo. Esperava ansiosamente que esse dia chegasse. Lutava cada dia por isso.
Talvez nos faça falta um pouco do espírito do rapaz das botas…
Talvez seja hora de deixarmos o nosso pequeno umbigo em paz…
Talvez seja hora de nos concentrarmos em mudar o que está mal e lutar para que fique certo!

Tenham uma boa segunda-feira,
Sofia

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