7 de março de 2011


Nos últimos dias fui confrontado com diversas situações que me fizeram questionar se, em geral, somos um país de visão curta.
Há cerca de uma semana, no final de um jogo de basquetebol, dei por mim a pensar até que ponto no desporto todos "remam para o mesmo lado". Se é verdade que o desporto é vital na formação dos jovens, não é menos verdade que é preciso cativar estes para a prática desportiva. Mas do que servirá treinadores, pais e dirigentes fazerem um bom "trabalho de captação" se uma "terceira equipa" insiste, por arrogância e sede de protagonismo, desvirtuar um jogo que, pelo respeito recíproco entre as duas equipas em competição, tinha de tudo para ser um chamariz para a modalidade? Será este o caminho para fomentar uma modalidade? Não me parece...
Ainda no desporto, FIFA e UEFA fizeram um ultimato aos "desalinhados" do futebol português. Como é possível compreender que uma minoria desestabilizadora consiga por em causa o trabalho de tantos e tantos apaixonados "pela bola", achando-se detentora de razão (perdida desde o momento em que toda a situação não passa de uma insuportável teimosia)? Aqui, de positivo, só espero que esta história das mil e uma noites  tenha o condão de levar os portugueses a olhar para outras modalidades que com tantos ou menos recursos dignificam o nosso país além-fronteiras, sem necessidade destas quezílias de trazer por casa.
Noutra área, neste caso no Festival da Canção, os portugueses acharam por bem dar a vitória aos "Homens da Luta". Com uma canção cheia de "significado local" numa altura em que o país atravessa dificuldades (esperadas pelos mais atentos ao longo dos anos), a verdade é que foge totalmente do que se pretende competir na Eurovisão. Imagine que não falava português: o que ia ver quando os "Homens da Luta" subissem ao palco seria um conjunto de pessoas trajadas com gosto duvidoso, com uns cartazes que não saberia o seu significado e a entoarem umas notas certas e outras erradas. Seremos assim competitivos na Europa? Também não me parece...
Por último, ontem, num programa de talentos da nossa TV ouvi um jurado aconselhar uma das participantes a não ser tão afirmativa nem a demonstrar tanto a confiança inequívoca que tinha nela mesmo, pois, segundo o mesmo, os portugueses poderiam não votar nela por esses motivos. Coincidência ou não, a verdade é que foi mesmo isso que aconteceu. Coincidência ou não é esta a grande diferença cultural entre nós e os outros países latinos: em Portugal preferimos o "coitadinho" ao "vencedor por mérito próprio". Em Portugal preferimos ouvir uma história de fazer chorar as pedras da calçada em vez de uma história de alguém que atingiu o sucesso confiando em si e nas suas capacidades. Então, se assim é, como queremos ter um país melhor, como queremos ter um país desenvolvido e que se afirme no panorama mundial, se muitas vezes ostracizamos quem por isso faz? Não será tudo, então, um problema de visão curta?...

Sem comentários: